All Face

Pelotas recebe empresa de vegetais hidropônicos

O empresário já cultiva diferentes tipos de alface (como a crespa, americana e roxa), rúcula, salsa e cebolinha

Carlos Queiroz -

Em 24 de fevereiro de 2011, Felipe Lang inaugurava sua franquia da rede de fast food saudável Subway em Pelotas. Meses depois, o empresário enfrentou um período de escassez de alguns ingredientes importantes à composição dos lanches, principalmente rúcula e alface, que haviam desaparecido do mercado em decorrência da estiagem que diminui a produção de seus fornecedores. Para contornar a situação, Lang tentou diferentes alternativas. Buscou outros produtores, percorreu macroatacados, mas nada, nenhum deles, tinha os produtos nas quantidades desejadas.

Com esta conjuntura, foi preciso inovar. Lang avaliou o cenário e decidiu investir na produção destas plantas através da hidroponia, criando assim a empresa All Face Hidroponia, focada na produção de vegetais diferenciados tanto no tamanho quanto na qualidade. "Falei para os macroatacados que ia começar a produzir e eles disseram que também tinham interesse em comprar", conta o empresário. Para conseguir colocar a ideia em prática, o empreendedor viajou para o município de Ijuí. Lá ele aprendeu a técnica da hidroponia, onde os vegetais são produzidos, com todo o aporte de nutrientes necessários, dentro de estufas onde não entram em contato com o solo e ficam protegidas contra as intempéries.

Projeto
Com a técnica devidamente absorvida, Lang deu início à construção do projeto atualmente situado na avenida Cidade de Lisboa, 3.775. O local conta com uma área de 3,5 mil metros quadrados de estufas que, com o tempo, tende a ser ampliado. Nesta área, o empresário já cultiva diferentes tipos de alface (como a crespa, americana e roxa), rúcula, salsa e cebolinha. "No futuro também vamos plantar tomate e coentro português", anuncia o empresário que pretende comercializar 40 mil unidades por mês para estabelecimentos de Pelotas e região.

Por falar em vendas, é importante salientar que a All Face também oferece uma proposta bastante diferenciada quando o assunto é a comercialização de suas hortaliças. Além de vender por telefone, a empresa também comercializa pelo site nos sistemas B2B, onde os clientes fazem a solicitação semanal ou programada, e On Demand, que atende as solicitações da clientela que pode escolher as culturas a serem produzidas como, por exemplo, coentro, manjericão, baby leaf, almeirão e chicória. "Temos a possibilidade de entregar grandes demandas", afirma o proprietário do empreendimento.

O processo de desenvolvimento das plantas
As sementes peletizadas são plantadas, individualmente, em semeadeiras preenchidas com substrato de fibra de coco. Depois, permanecem dois dias em um local escuro, antes de serem levadas para uma "estufa maternidade", onde permanecem entre dois e 30 dias. Já mais crescidas, as plantas são levadas para outra estufa, denominada "berçário". Neste lugar ficam por sete dias. Para finalizar, vão à estufa destinada à fase de crescimento, onde ficam por três semanas até serem colhidas e embaladas à venda. "O processo todo dura 60 dias", diz Lang, que instalou cortinas utilizadas para manter o calor na estufa no turno da noite.

Para nutrir as plantas ao longo deste processo, Lang utiliza um sistema de reaproveitamento da água da chuva, que serve como base à produção de uma solução que irriga os vegetais. Esta solução, rigorosamente controlada com relação às concentrações de sal, minerais e p.H (que deve ficar em 6.5), chega até as estufas por meio de pequenos canais, impulsionados por bombas controladas por um timer que é regulado conforme a necessidade das hortaliças. "Com este controle é possível garantir o mesmo padrão de sabor e qualidade", diz.

A colheita
No momento da colheita, diferentemente dos processos convencionais, basta que os vegetais sejam suavemente puxados de suas semeadeiras, permanecendo com as raízes que, ao contrário do que se imagina, acabam sendo muito favoráveis ao manejo, armazenamento e consumo do produto. "A planta segue viva, podendo ser mantida durante uma semana em um recipiente com água. Assim, o cliente pode ir arrancando as folhas conforme a necessidade de consumo", explica.

Por serem criadas longe do solo (as "prateleiras" onde são mantidas ficam entre 40 centímetros e 80 centímetros do chão), as plantas são livres de bactérias, insetos, lesmas e vermes, tão comuns no desenvolvimento deste tipo de cultura. "Além disso colocamos armadilhas para insetos. Este sistema permite a utilização de menos defensivos", acrescenta Lang.

Os diferenciais do produto
Após a colheita, o produto é embalado em um saco plástico onde constam as informações nutricionais, bem como suas características e o telefone do produtor, garantindo assim uma rastreabilidade que permite maior controle do alimento a ser consumido. Questionado sobre o custo do produto, Lang diz que, de fato, vegetais hidropônicos acabam sendo comercializados por valores 30% mais altos. Porém, também salienta que suas plantas apresentam rendimento 30% superior ao dos vegetais convencionais, o que acaba compensando o preço mais elevado. "São vendidos ao consumidor final por cerca de R$ 1,60 a unidade. Mas é importante destacar o maior tamanho e a qualidade do produto", salienta.

A hidroponia
Na hidroponia, que surgiu no Brasil há 28 anos, os nutrientes que as plantas precisam para se desenvolverem são fornecidos apenas pela água, pois elas são cultivadas dentro de estufas, ficando assim protegidas contra as intempéries do tempo. A solução nutritiva tem um rigoroso controle, sendo feito periodicamente uma avaliação do p.H dos seus nutrientes. Assim elas crescem nas melhores condições possíveis. Além de todas essas vantagens, elas duram muito mais na geladeira, evitando desperdícios que muitas vezes acontecem com a vegetação normal. O produto final cultivado em hidroponia é de qualidade superior, com aproveitamento total, pois é cultivado em estufa protegida e limpa, livre das variações do clima, dos insetos, animais e outros parasitas que vivem no solo

Vantagens destes vegetais
Não entram em contato com os contaminantes do solo como bactérias, fungos, lesmas, insetos e vermes.
Tem melhor aparência e melhor índice de aproveitamento. São mais saudáveis, pois crescem em ambientes controlados procurando atender às exigências da cultura.
São vendidos embalados, não entrando em contato com caixas, caminhões etc.
O ataque de pragas e doenças é quase inexistente, diminuindo ou eliminando a aplicação de defensivos.
Pela embalagem o consumidor pode identificar marca, código de barras, nome do produtor, informações nutricionais, características do produto e telefone de contato.
Os vegetais hidropônicos duram mais na geladeira e fora dela, pois permanecem com a raiz. Se o consumidor tiver o cuidado de colocar o alimento em uma bacia de água e for tirando as folhas aos poucos, o produto pode durar até uma semana.

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